O evangelho da anunciação (Lc 1,26-38) narra que o encontro entre o Anjo Gabriel e Maria aconteceu «no sexto mês» depois que Isabel tinha descoberto a gravidez. O «seis» é um número fundamental para meditar esse texto na proximidade do Natal. Na Bíblia, o seis é símbolo da imperfeição, porque está imediatamente antes do «sete» que é o número perfeito!
De fato, no livro do Apocalipse (13,18), a besta, ou seja, o mal, é representado assim: «seu número é seiscentos e sessenta e seis», ou seja, três vezes o «seis», a imperfeição total. Nas bodas de Caná (Jo 2,6), quando faltou vinho na festa de casamento em que Jesus estava, havia «seis» talhas. O primeiro sinal de Jesus, transformar água em vinho, é justamente passar do seis para o sete, a festa completa. Poderíamos ir para o Gênesis em que Deus criou o ser humano no sexto dia, mas a plenitude estava no sétimo… e assim por diante!
Poderíamos dizer que todo ser humano caminha para o «sete», para o mistério, para o sentido da vida. É nessa direção que está a felicidade que buscamos. Mais do que um lugar estático, é a disposição de caminhar, de uma vida que se expande sempre na direção dos outros e do Outro.
Ao dizer «sim» ao anjo, Maria deu o salto do «seis» para o «sete» e assumiu a itinerância do coração e do amor! Rapidamente se colocou «a caminho» para ajudar Isabel, mais tarde, a caminho do Filho e, ainda, no mais paradoxal de todos os caminhos, àquele da cruz e da morte de Jesus em que ela se manteve «de pé»! Maria é a Mãe que ensina a não parar nunca, a jogar-se na direção de uma vida integralmente desperta e, do meio das cruzes da história, doar-se como consoladora da última hora.
Maria ajude-nos a alcançar a graça de não parar no «seis»!
Pe. Maicon A. Malacarne