Santa Catarina de Gênova, uma mística italiana bastante conhecida, descreveu experiências em que Jesus lhe aparecia em visões. Os registros narram sempre o que parece ser uma conversa entre bons amigos. Em um desses diálogos, Catarina teria perguntado: «Jesus, e com Judas, o que aconteceu?» A resposta de Jesus é tremenda: «Se você soubesse o que fiz com Judas…» deixando aberta a interpretação de que Judas teria vivido um profundo caminho de arrependimento.
Esse pequeno excerto recoloca a questão sobre o que aconteceu, no fim, com o grande traidor de Jesus. Ao contrário de Dante, que na Divina Comédia deu a Judas um dos piores lugares do Inferno, Catarina abriu o mapa do arrependimento.
No evangelho de hoje, Lc 17,1-6, em diálogo com os discípulos, Jesus falava sobre a pedagogia do perdão, da reconciliação que é sempre inseparável da fé: «Se o teu irmão pecar contra ti sete vezes num só dia, e sete vezes vier a ti, dizendo: ‘estou arrependido’, tu deves perdoá-lo.» A única resposta que os discípulos conseguiram dar foi: «Senhor, aumenta a nossa fé!»
De fato, o perdão, a reconciliação, a mudança, o arrependimento podem parecer irracionais. No meio das tensões, do conflito, da ameaça, qualquer tentativa de sugerir arrependimento parece fraqueza, e o «não dar o braço a torcer» vai se tornando um buraco sem fim. O evangelho aposta em outro caminho, que é próprio da gramática do acreditar, do salto da fé, que conduz para relações mais saudáveis e mais maduras.
Pela fé, está aberta a possibilidade do arrependimento de Judas, porque se somos capazes de gritar aos quatro cantos que ele foi um traidor, só Deus pode ter escutado o que se passou depois da traição. Até o último momento é possível retornar, mudar a direção, converter comportamentos, estilos, gestos e palavras.
A estrada para uma nova humanidade, para novas relações mais pacificadas, passa pelo perdão e pelo arrependimento que, no fundo, é juntar os fragmentos, as partes desintegradas de nós mesmos e moldá-las na consciência e no discernimento em torno do amor. Trata-se de um caminho sempre aberto, até o último minuto da vida, mas que pode começar agora!
Pe. Maicon A. Malacarne
Prezado Pe Maicon!
As vezes tenho a tendência em comentar o texto em si, analisar, interpretar e percebi que neste momento o que partilho é a gratidão pelas várias tomadas de consciências sobre assuntos diversos e que conectam com a Fé em Cristo. Agradeço imensamente e desejo Saúde e inspiração contínua.
Abraço!
Paulo