O exemplo citado por Jesus aos chefes dos fariseus, do evangelho de hoje (Lc 14,12-14), é uma inversão de território. De fato, Jesus diz que ao preparar um almoço ou um jantar para ser partilhado, não se convide amigos, irmãos, parentes e vizinhos. No lugar deles, Jesus indica outras quatro categorias: pobres, aleijados, coxos e cegos! É uma troca de quatro por outros quatro.
De que coisa estava falando Jesus? É que os amigos, os irmãos, os parentes e os vizinhos certamente «devolveriam» o convite e esse pode ser um interesse do «convite»: dar para receber! Uma troca de cordialidades! Por outro lado, os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos são o símbolo da gratuidade. Convidá-los significa «dar para dar», sem esperar recompensa.
Esse é um mapa importante e sutil para compreender se conseguimos evoluir por dentro da proposta do Reino de Deus – aquilo que fazemos, fazemos por quê? Se a lógica da retribuição, da troca de favores, da busca por melhorar a imagem pessoal ainda é mais forte, é porque precisamos dar mais espaço para o evangelho!
Uma vida gratuita, ofertada, de constante atenção aos sinais de Deus é sempre uma vida que guarda outras vidas. De fato, a gratuidade está bem perto do amor que alcança os mais queridos de Deus, os esquecidos e invisíveis do mundo! É só com eles e a partir deles que o banquete do Reino estará completo!
Pe. Maicon A. Malacarne