O evangelho de hoje propõe o discernimento como uma tarefa necessária para caminhar por dentro da proposta de Jesus Cristo. Do outro lado está a superficialidade que é a escolha de permanecer na margem da vida, sem buscar um sentido maior. De fato, Jesus disse: «Quando vedes uma nuvem vinda do ocidente, logo dizeis que vem chuva. E assim acontece. Quando sentis soprar o vento do sul, logo dizeis que vai fazer calor. E assim acontece». O ponto de partida de Jesus é a sabedoria mais originária e a experiência concreta dos sinais da natureza: sol, chuva, lua, nuvens… Cada lugar da terra leu esses sinais e os compreendeu dentro dos seus pontos de referência.
O passo seguinte, proposto pelo evangelho, é discernir estes mesmos «sinais» para além da natureza! Jesus falava de «interpretar o tempo presente». Essa é uma grande exigência! A história vai sempre apresentando suas (des)continuidades com novas categorias em jogo, com novas tensões e novos paradoxos (vide a discussão sobre Metaverso, Transumanismo, Pós-humanismo…) e tudo isso não pode criar nem otimismo ingênuo nem fatalismo estático.
Discernir para «interpretar o tempo presente», antes de tudo, é aprofundar bem as coisas para tentar distingui-las! Isso certamente não é linear e tudo tende a sempre retornar com outros rostos e com outras roupagens. Por isso, o aprofundamento deve levar a compreender não os fatos isolados, mas a complexidade do que está em torno desse fato!
Como de todos os dias, o evangelho oferece uma fascinante chave de leitura da vida! Um seguidor de Jesus não é um repetidor de slogans, não é um apaixonado divulgador de mentiras, não é um incentivador de violência, não apoia a irracionalidade das grosserias… fora do discernimento, o evangelho de Jesus se torna só um reducionismo em frases soltas e descontextualizadas.
Peçamos a Deus a graça do discernimento para vencer a tentadora vida superficial!
Pe. Maicon A. Malacarne