Há uma tensão permanente de quem busca aprofundar a fé e dar razões para aquilo que crê. Por um lado, pelo conhecimento se pode tatear a experiência de Deus e contribuir para o diálogo com o mundo e a comunicação do evangelho. Por outro lado, há o que Jesus denunciou das autoridades religiosas da sua época no evangelho de hoje (Lc 11,47-54): «tomastes a chave da ciência. Vós mesmos não entrastes, e ainda impedistes os que queriam entrar».
A chamada de atenção de Jesus é para todos! A «chave da ciência» é um grande perigo porque muitos, pensando serem donos da chave, mais fecham do que abrem, mais tornam escuro do que deixam entrar a luz. «Impedistes os que queriam entrar» é para mim uma das questões mais provocadoras! Se os tantos livros, dicionários, artigos, aulas se tornam ferramentas para fechar as portas das pessoas ao amor e a misericórdia de Deus, no fundo, são em vão. Toda formação e estudo são fundamentais porque garantem sustento, fundamento para a fé, no entanto, não podem ficar longe do evangelho, da oração e da vida como ela é.
A fé mais genuína é composta por um mapa de poucas coisas. A fé mais bonita é sempre abrir o coração, é sair do centro, é desapego dos tantos excessos. É o ser mais simples que é capaz de abrir as portas, de expandir o acesso e de estar atento para que ninguém fique de fora.
Muitas pessoas se afastaram da fé, se distanciaram de Jesus Cristo porque a «chave da ciência» foi usada mais para dividir do que congregar, mais para julgar do que para acolher, mais para engaiolar do que para sugerir liberdade. Jesus disse e continua dizendo que não pode se assim!
Pedimos a graça de sempre, sempre sermos abridores de portas, facilitadores e comunicadores de um acesso sempre aberto a Jesus Cristo!
Pe. Maicon A. Malacarne