«Basta que Deus seja Deus… nossa miséria, se for aceita, torna-se o espaço livre onde Deus ainda pode criar» foi o conselho que Francisco de Assis deu ao Frei Leão e registrado no bonito livro de Elói Leclerc, «La sapienza di um povero».
Francisco foi um grande ser humano! Foi um homem que arquitetou a vida pela estrada da paz e do diálogo! Não é sem motivos que Francisco é respeitado e aclamado por budistas, por hinduístas, agnósticos, além dos cristãos. No centro da vida de Francisco estava o tornar-se humano e ‘deixar Deus ser Deus’, ou seja, alicerçar a vida na pequenez, no artesanato da casa comum, na proximidade com as pessoas. Querer que todos pensem igual é a forma de querer tornar-se dono da razão, bem ao contrário da espiritualidade franciscana.
São Francisco de Assis é um respiro, um ar novo, um revigorar da ditadura da mesma coisa que assusta a vida! Francisco oxigena a fé recordando que há uma contramão, há uma janela, há um verbo que insiste em ser conjugado: «reconstrói a minha Igreja… reconstruiremos… reconstruirão…»
São Boaventura, um dos maiores discípulos de Francisco, escreveu sobre ele: «enchendo-se da maior ternura, ao considerar a origem comum de todas as coisas, dava a todas as criaturas, por mais desprezíveis que parecessem, o doce nome de irmãos e irmãs». Quando as ameaças ao futuro estão em jogo, quando o excesso parece tomar conta de todas as relações, há esse respiro que pode mudar tudo e que, em nenhuma hipótese, pode ser esquecido: somos todos irmãs e irmãos! Humanizar as relações, humanizar as opiniões, humanizar o diálogo, humanizar a política, humanizar as redes sociais, humanizar a vida é escolher o respiro de Francisco, a possibilidade real de mantermo-nos vivos.
Pe. Maicon A. Malacarne