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«Deixa que os mortos enterrem seus mortos»

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Há muitas coisas do passado que nos tornam prisioneiros! Memórias, traumas, despedidas, violências, saudades, questões mal resolvidas, são algumas situações que mantém muitas pessoas amarradas! Cada história precisa ser amada, ouvida, acolhida com generosidade, sem o perigo da avaliação sem caridade de quem não sente na pele os acontecimentos.

No entanto, na estrada do seguimento a Jesus, no evangelho de hoje, encontramos três expressões pelas quais Jesus apontava certo rompimento com o passado, a fim de que a felicidade e uma nova história possam ganhar mais espaço. Não se trata de negar o passado, mas de compreendê-lo!

Uma dessas expressões é emblemática: «deixa que os mortos enterrem seus mortos». À primeira vista, parece uma grande insensibilidade de Jesus para aquela pessoa que pediu para antes de segui-Lo ir enterrar o seu pai (Lc 9,60). Se escaparmos da leitura literal, vamos compreender que o convite de Jesus era dar um passo a mais: deixar os mortos enterrar os mortos significa deixar o passado enterrar o passado e esforçar-se para dar um salto para frente.

O grande perigo de o tempo todo «voltar para trás» é buscar eternamente repetir o passado. O futuro não pode ser uma repetição do passado! O passado pode iluminar, apresentar as raízes, as intencionalidades, as memórias, mas o hoje e o amanhã são construídos a cada dia, com a abertura aos sinais de cada tempo.

As outras duas respostas de Jesus também estão dentro desse mesmo contexto: «quem põe a mão no arado e olha para trás não está apto para o Reino de Deus» e, ainda, «as raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça». As tocas e os ninhos são um possível aceno ao «útero», ao «nascimento», mas o seguimento de Jesus se realiza fora da toca e fora dos ninhos.

A oração de hoje é sobre como o presente e o futuro compõe a nossa vida e o nosso seguimento a Jesus, bem como, se temos conseguido curar, reconciliar e consolar as dores do passado a fim de uma liberdade maior para viver o «hoje» da história!

Pe. Maicon A. Malacarne

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