A história do Natal se confunde com a história de mulheres! Mulheres com nome, tradição, atividade e estilos muito particulares. Na verdade, a sociedade patriarcal nunca fez questão de guardar o nome de mulheres na genealogia de quem quer que fosse. Tudo era do pai! As comunidades de São Mateus, também por isso, foram tremendas!
O que parece ser um evangelho frio e cheio de nomes estranhos (Mt 1,1-17) guarda um tesouro incalculável. Na linhagem de Jesus, do meio de tantos homens, estão os nomes de 5 mulheres: Tamar, Raab, Rute, Betsabea e Maria. Não são rainhas ou matriarcas, mas mulheres comuns, frágeis, pecadoras, estrangeiras e com uma vida bastante questionável para os padrões estabelecidos de pureza.
Das 5 mulheres, Maria, a mãe, é a mais conhecida. Por sua vez, Tamar (Gn 38,1-30) era uma viúva cananeia que se vestiu de prostituta para obrigar Judá a ser fiel a lei e dar-lhe um filho e descendência. Raab (Js 2,1-21), outra cananeia de Jericó, era uma prostituta que ajudou os israelitas a entrarem na Terra Prometida. Rute (Rt 1,16-18), uma moabita, escolheu ficar ao lado de Noemi e aderiu ao Povo de Deus a partir da iniciativa de, como Tamar, passar a noite com Booz para que observasse a lei e garantisse um filho e o seu futuro. Por fim, Betsabea (2Sm 11,1-27), esposa de Urias que foi seduzida, violentada e acabou grávida do rei Davi que, além disso, mandou matar o seu marido.
Mulheres com histórias difíceis, desobedientes da ordem estabelecida, mulheres de aliança com o futuro e com a promessa de Deus! O Advento é tempo de rezar com as mulheres, com a gravidez da esperança, com a sempre exigente luta por dias melhores e direitos maiores! Jesus tem uma história e participa da história quando sua vida está atravessada de outras vidas. A história de Jesus recorda que a vida é um dom, é uma graça que está em nossas mãos, como vaso de barro, construída antes e continuada depois.
Não existe Natal sem as mulheres!
Pe. Maicon A. Malacarne