Por muito tempo, devastada pela guerra e por outras tragédias, o único alimento que muitas famílias da Europa podiam comer era a batata que chegou das Américas pelo ano de 1560 trazida por espanhóis e pelos Carmelitas Descalços. A arte fala de agricultores, de trabalho pesado, da contradição dos camponeses no tempo da revolução industrial, mas guarda, sobretudo, silêncio, oração, mistério, escolher parar um pouco. O cesto de batatas, o carrinho de mão com dois sacos, o tridente, a Igreja, a luz e a escuridão, sobretudo o momento, o exato momento do recolhimento. Desacelerar. Rezar um pouco mais.
«Angelus», de Jean-François Millet, França, 1858.